Longe de serem escritores, fundadores de um lugar próprio, herdeiros dos lavradores de outros tempos mas no solo da linguagem, cavadores de poços e construtores de casas, os leitores são viajantes; andam pelas terras dos outros, nómadas caçando furtivamente através dos campos que não escreveram, arrebatando as riquezas do Egipto para as desfrutarem. A escrita acumula, armazena, resiste ao tempo estabelecendo um lugar e multiplica a sua produção através do expansionismo da reprodução. a leitura não é garantida contra o desgaste do tempo (esquecemo-nos e esquecemo-la), não conserva ou conserva mal o seu saber, e cada um dos lugares por onde passa é a repetição do paraíso perdido.(*)
ISER, W. A interação do texto com o leitor. In: LIMA,
L.C. (Org). A literatura e o leitor: textos de estética darecepção. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1979. p. 83-132.
(*)Michel de Certeau, L’invention du quotidien. Cit. por R. Chartier, in A Ordem dos livros
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