terça-feira, 5 de outubro de 2010

“Curiosidades” da República

Os banhos de mar



A Póvoa de Varzim é uma terra onde o mar se enrola na areia. Por isso, era muito procurada no início do século XX para os banhos de mar que eram recomendados pelos médicos para fortalecer o organismo, não  podendo ser considerados um prazer.
Os fatos de banho, de pano, tapavam o corpo quase por completo e as mulheres usavam também toucas de folhos para proteger o cabelo.
 Os banheiros encarregues de acompanhar os banhistas obrigavam-nos a mergulhar ou despejavam baldes de água sobre a cabeça dos mais renitentes.
Quase ninguém sabia nadar e o que os banhistas mais desejavam era sair rapidamente da água e mudar de roupa nas barraquinhas de madeira que existiam nas praias para esse efeito. Era costume tomar então uma bebida forte e até às crianças se dava pelo menos uma colher de vinho, de preferência vinho do Porto, se a família tivesse possibilidades.


                                        A moda dos chapéus

Na época da Primeira República estava na moda o uso de chapéus para homens, mulheres e crianças e havia modelos diferentes para as várias ocasiões. Nas festas ou cerimónias os homens usavam cartola. Os homens do povo, mesmo os mais pobres, que podiam eventualmente andar descalços, não dispensavam o seu boné. Tirar o chapéu era uma maneira delicada de cumprimentar as pessoas que passavam.
 Quanto às senhoras e meninas também os usavam. Havia modistas de chapéus que confeccionavam chapelões enormes ou chapelinhos enfeitados com plumas, flores, fitas e laços a condizer com as roupas que vestiam. Para os rapazes, enquanto pequenos, era comum escolherem-se bonés de marinheiro. Na adolescência outro tipo de bonés, por exemplo o de modelo escocês.
A profissão de chapeleiro era bastante reconhecida.


O desporto Futebol



O futebol surgiu em Inglaterra, oficialmente no ano de 1863. Chegou a Portugal dezoito anos antes da Implantação da República. Quem trouxe a novidade foram uns rapazes da família Pinto Basto que tinham  estudado em Inglaterra. Gostaram daquele desporto e no regresso apresentaram-se com as bolas, os equipamentos e as regras do jogo que logo entusiasmou muita gente.
Ainda não havia campos fixos nem relvados, por isso escolhiam-se terrenos planos e lisos, montavam-se as balizas e realizavam-se então partidas de “Foot-Ball”. De início, o vocabulário relacionado com o jogo continuou na língua de origem, o inglês. Dizia-se “goal” em vez de golo, “goal keeper” em vez de guarda-redes, “line-man” em vez de juiz de linha.
O interesse pelo futebol alastrou rapidamente, envolvendo todos os grupos sociais. Em 1910, além dos grupos espontâneos, já existiam o Futebol Clube do Porto, o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal. O primeiro Campeonato Nacional teve lugar em 1921. Venceu o Sporting.

Xaropes, unguentos e elixires

Tinha a República Portuguesa cinco anos quando a Bayer fabricou os primeiros comprimidos de aspirina.
Até aí, eram os medicamentos naturais como a casca de salgueiro que aliviava as dores, ou conseguia-se um pó muito eficaz contra as dores e as inflamações a partir de plantas como a ulmária, a rainha-dos-prados. É da ulmária, que tem o nome latino spiraea ulmaria que deriva da palavra aspirina. Revelou-se um medicamento de tal forma extraordinário, que o público lhe chamava “pó mágico”. Mais uma novidade que chegou do estrangeiro durante a Primeira República.
No início do século XX grande parte da população portuguesa não tinha acesso a cuidados médicos por viver longe das cidades onde havia hospitais. As doenças tratavam-se em casa com xaropes, chás e pomadas caseiras. Mesmo os que podiam recorrer aos hospitais não encontravam solução para muitos dos seus males, pois a medicina da época estava ainda muito atrasada.
Havia também os vendedores de rua como os que vendiam unguentos ou pomadas para a pele que também eram “confeccionadas” nas “Pharmacias”.

As pipocas

Só em 1907, três anos antes da Implantação da República, foi inventada nos Estados Unidos a máquina eléctrica que continua a ser utilizada para fazer pipocas.
Na altura, foi publicitada como electrodoméstico de grande qualidade. Os anúncios diziam o seguinte: “Da enorme variedade de utensílios eléctricos caseiros, a nova tostadeira de milho é a mais leve e pode ser usada por crianças sem que haja perigo de causarem danos a si próprias, à mesa ou à sala”.





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